quarta-feira, 18 de novembro de 2015
24/09
terça-feira, 14 de julho de 2015
Desistência
terça-feira, 30 de junho de 2015
Do sol ao inferno
segunda-feira, 15 de junho de 2015
Nu
Coloca um casaco, tá frio. Tira o sentimento, tá esquentando. Esses shorts não estão muito curtos? Essa desculpa não tá muito esfarrapada? Qual o tamanho da sua verdade? Até que ponto cê (en)cobre a alma?
Com que roupa eu vou? Vestindo um sorriso, no decote levo malícia, na calcinha há maldade. Não, tá vulgar. O que vão pensar? Quanto mais carne mostro, menos alma hão de ver. Se minha nudez faz arder tua retina, espero que queime até enxergar.
Se abro o peito sou ridícula, se abro as pernas uma puta. Bom mesmo é ser fingida, cobrir-me inteira assim bem pura, debruçada na janela com um olhar profundo e lânguido tal qual Julieta a esperar por seu Romeu.
Todo diário tem uma chave, todo corpo guarda um espírito, cada espírito um segredo. Meu diário é escrito em libras, tenha tato para ler. Cada linha à sua maneira: não se afobe, molhe os dedos, sinta a textura do traço, o cheiro das páginas. Vire-as com a certeza de que não pulou nenhuma frase, vocifere minhas palavras, realize minhas vontades.
Saboreie cada dia, fique atento a cada ato. O dia de hoje tá em branco: e aí, tu é um homem ou um rato? Escreve comigo ou cala meus lábios? Calma, pensa melhor, não precipite a resposta porque sou quase uma esfinge, te dou três chances. Fique logo sabendo que sou impiedosa, tô louca pra te ver errar três vezes só pra comer você de costas.
sexta-feira, 5 de junho de 2015
Forever alone
Mil olhos me reprovarão quando por mil bocas me virem passar. No meu estado mais ebriamente sagaz os outros passam efêmeros, sorrindo pateticamente de canto com o cigarro preso entre os lábios, fingindo sentir um prazer na verdade inexistente. E permaneço sozinha. Ilusão é acreditar que não estamos sós quando somos todos náufragos dum mundo hipócrita que quer nos convencer a qualquer custo que vale a pena estar aqui, que vale a pena estar aí, que vale a duras penas se doar e abertamente sentir. Que vale a pena continuar buscando o que nem se sabe o quê só pra se achar importante, que de alguma maneira somos essenciais. Não somos. Na verdade ninguém se importa com seus bons costumes, sua benevolência, com sua campanha anual pra arrecadar comida pros mais fodidos que você no natal, só você se importa. Altruísmo é utopia de gente cega.
No fim, a vida é a conta do bar duma mesa grande: a gente se empolga no começo, pede todo o cardápio, ri a toa de todos e pra todos sem preocupação alguma. Com o passar do tempo as pessoas vão se levantando, indo embora... Algumas deixam um trocado, outras não. Até que você se encontra sem juízo largado numa mesa com mil cadeiras vazias e uma conta cara demais pro seu bolso. Só que na vida não tem como pagar lavando pratos, na vida a gente paga enxugando as próprias lágrimas. Sempre sozinhos.
domingo, 26 de abril de 2015
Desce outra!
Preciso de um porre de amor ou de cachaça que complique minha cabeça e bagunce o coração, mas que deixe a alma calma e os braços livres pra envolver num abraço o resto do mundo em que me acho.
Preciso de um porre de amor ou de cachaça que transcenda minha mente, que me faça soluçar e querer deitar entregue num colo acolhedor.
Preciso de um porre de amor ou de cachaça pra me perder por entre as ruas cantando alto os versos do Hélio sem me importar com olhares alheios, preu me largar por aí sem freio por ter encontrado em alguém ou no fundo do copo um combustível pra me queimar.
Preciso de um porre, apenas porre, porque no fim das contas amor e cachaça são sinônimos: a gente toma aos poucos e quando percebe tá entregue aos quatro ventos, indolor, entorpecido, desnorteado, subindo na mesa, falando merda com o coração na mão e um desejo enorme de que o momento não acabe. Mas acaba. E nenhum porre é igual ao outro. Viremos então a próxima dose! Garçom, reabre a comanda por favor que eu não tenho medo de ressaca.
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Oração sem sujeito
É tudo uma questão de gramática: usamos a sintaxe pra compreender a semântica, quando por vezes não há o que ser entendido. A semântica do ser é uma frase sinestésica e as metáforas que invento são desculpas pra não usar da sinceridade.
Substituo o meu inteiro por uma fração indecifrável tentando justificar com metonímia o meu medo de uma nova entrega. É que em tempos de jogos ser objeto direto é perigoso, os outros preferem indiretas, preposições, obstáculos. Simplesmente não estou disposta a ler entrelinhas. Eu leio o abraço, os olhares e seus lábios quando estão junto aos meus. Leio a mão na cintura, a risada sincera depois da piada, o cheiro no cabelo que vai descendo pelo pescoço.
A partir daí vou escrevendo mil histórias, nenhuma ainda com final, nenhuma ainda realmente feliz. Mas não paro de ler nunca,vou trocando de livro até que algum me faça passar da página dez, até que algum me renda horas de inspiração e frio na barriga, até que palavras doces escapem do meu punho e se estendam em beijos intermináveis.
Pois bem! Decidi destrancar a alma e parar de engolir verbos. A quem interessar possa: entre sem bater, só traga cerveja, cigarro e sorrisos. Venha com bondade, não repara a bagunça! Me deixe com vontade. Pode deitar na cama, não precisa dizer que me ama, só precisa me querer de verdade, sem culpa, desculpas ou receio. Relaxa aí, te faço um café. Eu sou assim mesmo, tem medo não! Uma hora cê pega o jeito e eu largo a mesa pra comer na tua mão.
segunda-feira, 2 de março de 2015
Esse dia quatro não é sobre você
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Quarta de cinzas no meu quarto
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Você não soube me amar
Você não soube me amar.
Com teu jeito sempre manso, pisou devagar no meu pranto e julgou inválido todo o meu (bem) querer. Com teu sofrimento romântico e a cabeça às avessas com meu espírito liberto, fechou os olhos pro meu lado doce sutil. Apontou pra mim sua metralhadora cheia de mágoas e atirou no nosso amor. Sem dó e com rancor.
Você não soube me amar.
Bem sei que não sou santa, pelo contrário. Meu maior pecado foi o orgulho que impediu que a fragilidade dessas linhas e de outras tantas fossem resguardadas em minh'alma sufocada e muda. Não sei falar, nunca soube. Você bem sabe. E no meio de tanta gente, e por entre garrafas, na respiração pesada do marlboro, esqueci que você nunca foi boa com entrelinhas. As entrelinhas do meu corpo fechado, da minha boca trêmula, da minha língua ferina, do meu vocabulário chulo, do meu silêncio poético.
Eu não soube te amar.
Você queria clareza, te respondia com incógnitas. Você queria doçura, mandava você virar gente. Que espécie de gente fui eu? Você me pedia um futuro, eu ainda remoendo o passado. Você queria mais um gole, te obrigava a engolir em seco. E eu pedia compreensão, leveza, mas meus ombros carregados e tensos não sabiam carregar teu querer.
Eu não soube te amar.
Fomos cúmplices até nas brigas, nos abraçávamos mais forte depois das ofensas trocadas, silenciávamos na cama o ressentimento. Nos levantamos a cada tropeço, insistimos nas boas lembranças, e não tinha um único dia sem um 'eu te amo' antes de dormir. Criamos uma vida, demos a cara a tapa, apanhamos. Choramos. Entrelaçamos, pernas, braços e espíritos. Viramos um nó. Nó que aperta minha garganta. Um nó apertado de uma relação tão fraca. Nó de marinheiro que dá mil voltas no mesmo porto, porque nele se fez lar, porque nele se fez seguro. E é tão duro sair de casa!
Soubemos amar.
De um jeito voraz e ao mesmo tempo passo a passo, instantaneamente trabalhado. Nosso amor foi aquela nossa cozinha do primeiro apartamento em que moramos: fizemos as compras, enchemos geladeira e armários, mas não sabíamos o que cozinhar. De tantas opções, morremos de fome, aquela fome de algo que não se sabe o que é e que sempre acaba com o humor quando não é saciada. E posso falar? Ainda tô faminta. Por não saber o que comer, desconto na sede, encho a cara e vomito tristezas. O estômago pede arrego, o peito irriga de pesar. E por entre outras bocas, outros braços, abraços, sexos e conversas, perdi. Perdi no meio da nossa cozinha a receita de como se encantar. Não faço ideia de como achar dentro de mim a fórmula de enxergar terceiros e deixar me apaixonar. Você esvaziou meu armário. Já não cozinho mais. Meu paladar rejeita outros sabores mesmo que já esteja cansado de comer sempre você. Quero dançar com outro par pra variar, mas quando percebo ensaio os passos que aprendi contigo. Então repito e mais uma vez te engulo.
Já não sei mais amar.
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