terça-feira, 24 de agosto de 2010

Finitude


Acho que amor, quando é amor mesmo, daqueles que tiram o fôlego e o que mais a gente tiver , acontece de sopetão. É instantâneo, covarde. Pega a gente naquela esquina cheia de gente correndo e não quer nem saber se estamos atrasados, comprometidos, ressentidos ou de ressaca sentimental. Ele chega, te ignora, se instala, te devora, vai embora. É visita de médico, é distração, brincadeira, palhaço. Pega nosso coração nas mãos e o joga de um lado pro outro, mas nunca do lado de quem ele escolheu. Ou até joga, mas sempre por pouco tempo, sempre sem durar pra sempre. Amor dos bons não é infindo porque ninguém consegue se machucar pra sempre, ninguém agüenta o coração desenfreado ou quase parado por conta da dor por tanto tempo, ninguém sorri a toda hora e, além do mais, ninguém gosta de ser um idiota completamente efusivo e sinestésico por toda a vida. Amor dos bons acaba em drama, desespero, cacos, choro, saudade. Acaba pra dar sossego, intervalo de novela mexicana, pra comermos, trabalharmos, estudarmos, seguir em frente, viver. Amar a todo tempo é autodestrutivo, é deixar de respirar por poucas horas de prazer.

- Obrigada à Bruh, dona do http://falandosobreissoeaquilo.blogspot.com, pelo selinho ! Sempre leio o teu e adoro seus versos que um dia vou ouvir em forma de música por aí. :)
- Obrigada à todas vocês que sempre comentam por aqui. Beijos ;*

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Periodicamente


De vez em quando tudo volta e me atormenta como se fosse a primeira vez. Mas eu me recuso a lembrar, aceitar que o tempo passou como eu não queria e ter que esquecer pela milésima vez os clichês que eu inventei só pra você. É como se a cada mês, o mundo girasse ao contrário e me pusesse de volta o sorriso no rosto só pra que ele sumisse quando tudo voltasse ao normal. É me fazendo vontade que o tempo joga na cara todos os erros, toda a angústia boba que o medo de ser só de você me causava.
O tempo faz questão de brincar de lembranças comigo, e por mais que ele passe, por mais que você passe e por mais que eu inevitavelmente não seja mais a mesma, o fantasma do que a gente foi ainda faz eu me arrepiar cada vez que aparece pra mim.
Mas eu to avisada, menino, que foi só questão de tempo pra gente se perder por aí na chuva, num barzinho ou em qualquer canto em que não estivemos, foi só questão de tempo pra eu ter que aprender a andar sempre com o meu coração no bolso na esperança da gente de repente se encontrar por aí e eu entregar ele inteiro e acelerado nas suas mãos sem jeito, que nunca vão saber satisfazê-lo.


ps: Texto de 30.10.2009
ps²: muito obrigada à http://derestart.blogspot.com/ pelo selinho ! ;*