quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Quarta de cinzas no meu quarto


é não se concentrar num livro, se viciar em redes sociais na esperança de que alguma informação chegue até a pessoa. é assistir um filme e notar que a mente tá longe, lá naqueles dias de frio com brigadeiro, abraço e beijo. é fumar desesperadamente pra que as horas passem mais rápido, pro dia ficar mais leve, a cabeça mais tonta, o coração mais sereno. é querer com todas as forças um copo de algo que não faça bem, de veneno ou de cachaça. é querer carnaval o ano inteiro pra não ter que lidar com as cinzas das próximas quartas, quintas ou segundas. é procurar em qualquer um algum tipo de afinidade pra ver se a merda do pensamento se ocupa com outro alguém. é ouvir sua buzina lá fora me convidando pra jantar e rapidamente lembrar que teu peugeout preto nunca mais vai estar na frente do portão. é arrotar solitude quando na verdade engoli solidão. é me desgraçar a cada dia pensando no que você possa estar fazendo e com quem. a saudade é essa agonia filha da puta que corrói cada parte do meu corpo e inebria o peito de desgosto e de desesperança. a saudade é essa preguiça de dividir esse texto em parágrafos e começar as frases com maiúsculas, correndo contra o tempo pra não perder a lembrança e esvair o sentimento. o carnaval acabou, esse amor não passou e a saudade ficou. queria eu poder ser foliã o ano inteiro pra conseguir esquecer o furdunço do meu coração.

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