Querida, a vida vai andando e vamos continuar nos perdendo
por aí. Os bares fecharão e nos manteremos ébrias nas mesas, eternizadas em
cinzeiros e garrafas vazias. Meu bem, só nos resta aceitar que tudo é um ciclo,
mas que sempre nos encontraremos. Seja como for, por qualquer esquina, a gente
vai tá ali, como um oroboro: nos inícios e encerramentos, nos abrindo e
fechando ora pro mundo ora pra nós mesmas, ora no quarto a sós ora nas
despedidas aos berros. Amor, não há mais nada o que fazer. Todas as receitas
que seguimos e criamos não resultaram em nada duradouro nem absoluto. Nossas
mentes se esforçam, mas o coração persevera. A solução então é não ligar e
continuar te ligando, não procurar e continuar te encontrando, não querer e
sucumbir, te amar sem relutar. Posso usar mil paradoxos na tentativa de resumir
que você é metonímia pra minha vida e ninguém entenderia. Paremos de brigar com
o destino, com o karma ou sei lá com o quê que faz com que perduremos nesse
amor angustiado. Desista também de se explicar aos amigos, eles podem até
compreender, mas vão sempre nos perguntar o porquê dessa tortura tão
displicente. Você é a minha personificação de amar, embora eu possa amar tantas
outras. Dentre elas você é a que sempre vai, mas a única que fica. Vamos selar
esse término com as línguas entrelaçadas, pois não há nada que desate esses nós
entre teu peito e o meu. Baby, eu já aceitei que nossas partidas, por mais que
sejam necessárias, são em vão. Amanhã a gente marca um almoço pra discutirmos
mais uma vez como descumpriremos os termos acertados em nossa fugaz decisão.