quinta-feira, 13 de outubro de 2011

De tragos, contradições e dores

Não vou negar que ainda espero ligações na madrugada, que me aperreio quando sai sem mim, que me apego a todos os detalhes. Só não sei se continuo esperando ou se deixo ir todo esse aperto embora, ou até mesmo se o aperto é pela posse e não pela falta. Me complico a cada atitude que o coração e a bebida tomam. Me deixem pensar sozinha, pelamor? Sem o corpo inebriado e ludibriado pelo álcool, sem passado, sem correria, sem sentimento pra fazer decidir o coração. Tô naquele tipo de sonho que a gente se afoga numa imensidão azul e acorda suando frio, só que eu tô me afogando em palavras, esbarrando em tristeza e contentamento, me contradizendo e te contrariando. Nem essas linhas suportam mais o dessabor de querer ser algo que não sei o quê. Eu te avisei, e avisei tanto!, que eu não era concreta, e menos segura do que aparentava. Te disse que hora ou outra você ia se machucar, pra não invadir meu peito sedenta de fontes que nunca existiram no meu corpo semi-árido. Você quis dezembro enquanto eu ainda era agosto, agora transbordei. É insuportável pra nós o meu sentir vazio derramando pela garganta seguidas doses de amor confuso, como se a gente estivesse naquele nosso barzinho e a cerveja estivesse congelada, parando também todos nossos momentos felizes de planos e sexo inesperado. Vamos arejar, fumar uns cigarros e deixar com que a fumaça sem nenhuma forma e cor tome de conta do que vai ser. Os tragos são sempre inesperados: podem queimar por dentro e fazer engasgar ou amenizar a dor deixando-se fluir o sopro de nicotina pelo ar.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Breathe


Nunca quis amor tranquilo, maciez, quietude. Sou de gêmeos: do ar, liberta, instável. Quero perder o juízo, deixar os pés dançarem conforme as batidas do coração, as mãos passearem pelo corpo à medida que o corpo arrepia durante o toque. Mas sou segura: não ultrapasso sinais nem atropelo sentimentos. Gosto de amores lentos, que se decifram aos poucos, que não perdem segundos e se espalham pelo corpo inebriando a alma. Era da gente ali, sem casa, rumo e certeza e com uma simplicidade imensa no peito, que eu precisava. Morremos ao passo que nos deixamos esquecer como era quase impossível andar de mãos dadas e dormir de conchinha, embora desejemos isso pra sempre. Fomos furacão, colo, abraço, sorriso e lágrimas. Fomos idas, vindas, barreiras e pedágios. Fomos casa, carro, cozinha e coração. Fomos vida e amor, carinho e desafeto. Fomos tudo, menos nós mesmas quando mais precisávamos. A gente perdeu o fôlego e acabou se enforcando.