domingo, 26 de abril de 2015

Desce outra!


Preciso de um porre de amor ou de cachaça que me faça cambalear, pisar em falso, cair, errar o passo, mas que não deixe gosto amargo nem dê dor de cabeça.
Preciso de um porre de amor ou de cachaça que complique minha cabeça e bagunce o coração, mas que deixe a alma calma e os braços livres pra envolver num abraço o resto do mundo em que me acho.
Preciso de um porre de amor ou de cachaça que transcenda minha mente, que me faça soluçar e querer deitar entregue num colo acolhedor.
Preciso de um porre de amor ou de cachaça pra me perder por entre as ruas cantando alto os versos do Hélio sem me importar com olhares alheios, preu me largar por aí sem freio por ter encontrado em alguém ou no fundo do copo um combustível pra me queimar.
Preciso de um porre, apenas porre, porque no fim das contas amor e cachaça são sinônimos: a gente toma aos poucos e quando percebe tá entregue aos quatro ventos, indolor, entorpecido, desnorteado, subindo na mesa, falando merda com o coração na mão e um desejo enorme de que o momento não acabe. Mas acaba. E nenhum porre é igual ao outro. Viremos então a próxima dose! Garçom, reabre a comanda por favor que eu não tenho medo de ressaca.

Um comentário:

  1. "Embriagai-vos de vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha" Baudelaire.

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