quarta-feira, 18 de abril de 2012

Identidade no papel

Eu escrevo para todos os amores, mas os que dispensam um vasto vocabulário são os que me rendem as melhores linhas. As linhas que gasto falando de sentimento são o reflexo do amor que transborda do meu coração inexperiente, porque não caibo em mim e me divido no papel mesmo que só eu me leia por completo diariamente. Nunca descobri tanto sobre mim como quando a tinta desenha a caligrafia rapidamente, cheia de pausas, pigmentada de dúvidas. Há pouquíssimos instantes em que me sinto tão à flor da pele como quando me empenho na escolha das palavras, no desenho das frases antes intrísecas no acelerar do coração, no arrepio da nuca, no anseio de te ver sorrindo. Escrevo tanto sobre amor e a falta dele que acabei me encontrando no meio de frases que fiz pra você, mas que, na verdade, dizem respeito a mim.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Intensidade muda, supérfluos gritantes


Se é amor, é e pronto. Não questione, ou até questione. Mas a gente vai acabar vendo nos finais os nossos recomeços, porque se no meio há amor, os extremos não pertencerão ao tempo. As horas nada curam, apenas adiam o doce do sentir unindo bocas, braços, pernas e corações. Tudo o que escrevo dissolve e pesa na língua ao querer falar pros seus olhos o que os meus não conseguiram dizer com o silêncio. Mas digo mais alto nas linhas, com o silêncio do punho, o que muitos, sem nem ao menos sentir tanto como em meu corpo, escandalizam por aí. Escrever fere o peito, falar apenas seca a boca.