segunda-feira, 17 de abril de 2017

Teto lunar

Não olhei pra lua no dia que todos a admiravam
Talvez seja essa a metáfora de minha existência
Teimosia vez ou outra faz cair de precipício e morro
a cada lua - cheia - até de mim

Deito-me, sem fitá-la, sob sua luz de misericórdia
Sobrecarregada de desapontamento
Esperando por um amor de cheiro doce e beijo quente
Tal qual essa noite que invade meus pulmões

Respiro e exalo o passado maculando a atmosfera
Os nós dos dedos dormentes, entrelaçados,
ensaiam a prece recorrente à confissão dos olhos
Ainda por encararem o circular clarão

Enquanto sorrisos abrem-se pro céu
Cativo inerte medos e memórias
As palavras já ditas assumem tons de arrependimento
A saudade aflita dos arrepios em nucas alheias
Provocados pelo querer

Pêlos excitados com vida nova e calor
O suor de desespero umedecendo os corpos nus
Este sumo salgado escandalizando o próximo ato, pra alguns
E remoendo na garganta de outros, o ressentimento

Cada qual na sua pele, compondo a naturalidade do universo
Brilhos singulares, displicentes, pelo mundo
Amontoados viram força de luz - incandescente
Somos constelação

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