domingo, 21 de agosto de 2016

Pressa


Eu vou. Sigo num caminho tortuoso, embaraçado, sempre em busca de mim. Corro em direção ao meu próprio abraço, aprendi que não há melhor conforto do que estar em paz dentro da própria carcaça. Sou forte, sou clara, arranco na unha as angústias entranhadas, carrego na alma o pesar da transparência e expiro no trago a leveza da autenticidade. Me mostro nua, carne crua, retalhada, moldada a duros golpes. Vida é faca afiada: corta que fere, fere que sangra, sangra que para. Sou minha própria cicatriz. Fiz as pazes com minh'alma e alimento meus quereres, bicho faminto que sou, sedento de vida, ansioso pela morte. O fim é a certeza de que houve uma trajetória. Quero correr, me jogar, tomar tudo de uma vez, perder o fôlego, recomeçar. Sou mar bravio guiado pelo vento, o balanço das minhas ondas é demais pra tua embarcação. Não perdi a fé no amor, amo, ah como amo! Nunca parar de amar é o segredo. Amar cada pedaço do seu mundo particular, cada tropeço, cada amante. Amar com euforia a si mesmo, a sua essência. Meu coração é vagabundo, mas sabe bem o seu lugar, é aqui dentro do peito e não entregue em outras mãos.