quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
Amar, há bar
terça-feira, 4 de novembro de 2014
Retificação
Nas crises de ansiedade, no tremelique das pernas, no
tamborilar dos dedos na mesa, no copo sempre cheio de cerveja e desamor, nas
tragadas de cigarro cheias de rancor: olha você!
No desejo que a noite não acabe, na ressaca seca e amarga na boca, no peito inflado de raiva, no rosto marcado pelo cinismo, no sorriso transbordando malícia: ali você.
Nas palavras caladas, no amor reprimido, no desejo sufocado, nas entrelinhas da vida, na minha língua ferina: tem mais você.
Do meu lado da cama, na minha mesa de bar, naquele som que me ganha, quando eu começo a chorar: cadê você?
No meu abraço apertado, no meu sorriso de lado, nas minhas promessas mal pagas, na minha voz embargada, nas minhas roupas jogadas, na minha cama mal feita: tinha você.
Revogo as palavras já ditas, apago as frases escritas, confesso: não aguento mais a partida. Se tua passagem fosse só de ida, talvez meu coração já soubesse bem certo que todo o afeto realmente sumiu. Mas tuas constantes voltas ao tempo que me incomodam também me fazem feliz porque não sou de aço, te roubo sempre um abraço e um beijo voraz. Jurando ser sempre o último encontro, despeço-me dos teus olhos tristonhos com o coração na boca, a alma dilacerada, a saudade já apertada e o orgulho ferido. Jurando ser o ponto final, me pego distraída escrevendo mais dois pontos na sequência, emendando mais uma vez os destroços dum amor fadado a partir dois corações.
No desejo que a noite não acabe, na ressaca seca e amarga na boca, no peito inflado de raiva, no rosto marcado pelo cinismo, no sorriso transbordando malícia: ali você.
Nas palavras caladas, no amor reprimido, no desejo sufocado, nas entrelinhas da vida, na minha língua ferina: tem mais você.
Do meu lado da cama, na minha mesa de bar, naquele som que me ganha, quando eu começo a chorar: cadê você?
No meu abraço apertado, no meu sorriso de lado, nas minhas promessas mal pagas, na minha voz embargada, nas minhas roupas jogadas, na minha cama mal feita: tinha você.
Revogo as palavras já ditas, apago as frases escritas, confesso: não aguento mais a partida. Se tua passagem fosse só de ida, talvez meu coração já soubesse bem certo que todo o afeto realmente sumiu. Mas tuas constantes voltas ao tempo que me incomodam também me fazem feliz porque não sou de aço, te roubo sempre um abraço e um beijo voraz. Jurando ser sempre o último encontro, despeço-me dos teus olhos tristonhos com o coração na boca, a alma dilacerada, a saudade já apertada e o orgulho ferido. Jurando ser o ponto final, me pego distraída escrevendo mais dois pontos na sequência, emendando mais uma vez os destroços dum amor fadado a partir dois corações.
terça-feira, 7 de outubro de 2014
Eternos laços desfeitos
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Agosto de quem?
Viajei por entre sons há muito esquecidos, voltei ao tempo
onde minha sede de futuro era constante, eu só queria que o relógio disparasse
ali dentro do meu quarto escuro no 3º andar pra que a minha vida finalmente
acontecesse longe daquelas paredes que representavam as regras que minha mãe
tanto citava todo santo dia, o dia todo. Minha mãe era daquelas que grudava
bilhetinhos do tipo “não use drogas”, “use camisinha”, “amo você”, no meu
guarda-roupa, que me pegava pelo braço, me deitava na cama do lado dela e mesmo
vendo na minha cara que eu ficava puta com aquilo, iniciava aqueles papos de
namoro, sexo e bebida que nenhum adolescente quer ter com os pais. E ficava lá
horas antes de dormir me falando de tudo ruim que aconteceu com ela, pra eu
tomar como exemplo, etc. Os planos dela pra mim não deram certo. Afinal de
contas, nada como se jogar na vida pra receber os empurrões seguintes. E eu caí
arduamente, e me levantei depressa, porque né? Eu tinha que correr atrás dos
MEUS planos. Mas eles também não deram certo. Fui atropelada pelos meus pretenciosos
quereres, e meu signo de ar não fincou o chão sob meus pés. Tatuei asas, elas
me carregaram. Voei. Fui longe, mais do
que imaginei, mais do que previ. De repente, na seca típica de agosto em
Brasília, o vento virou mormaço e caí. Me estrepei, meu caderno e apostilas se
misturaram à poeira e meus sonhos foram levados pela brisa que se fez depois do carro que passou
por ali. Sentei na parada de ônibus logo adiante e fui embora com a boca seca e o
coração na mão. Meu semblante era terno, mas por dentro eu gritava
desesperadamente. Ninguém nunca sabe o que se passa aqui, já é normal nem
procurar ajuda nessas horas, não consigo, simplesmente perco a fala, e dano a
discorrer sobre banalidades com um sorriso estampado no rosto. Engulo meus
problemas com a cerveja e os exponho com a fumaça do cigarro. E é assim que eu
vivo e morro todo dia: entre um gole e uma tragada. Diálogo nunca foi uma coisa
fácil na minha vida, vide a minha raiva com os papos da minha mãe, – detalhe que
todas as minhas amigas achavam a atitude dela o máximo – também por isso quebrei
a cara naquele agosto. Eu falo com a escrita, meu coração só se rasga no papel,
não tem jeito. Aquele inverno fez-se inferno no meu mundo. Mudei de ares, mas o
mormaço era o mesmo. Tentei passar 8 horas presa na torre, no 3º andar, num
escritório gelado, na tentativa de refrescar meus ânimos, mas meu coração quase
parou. Parti outra vez. E entre minhas idas e vindas, o nosso amor tava ali,
meio torto, mas tava. Aquele amor passivo, esparramado pela casa, guardado em
caixas do lado da cama, dentro das canecas de chopp roubadas dos barzinhos, dentro
das sacolas de roupas espalhadas pela casa e enfeitado pelo cone da PM que eu
roubei naquele dia de bebedeira. Mas era um amor tranquilo, mesmo com toda a
movimentação ao redor, nos movíamos com o mundo, girávamos 24 horas em torno de
nós mesmos e 365 dias em torno da vida que nos cercava. Um dia de cada vez, uma
ressaca a cada fim de semana, mil beijos antes de dormir. Daí veio agosto
novamente. Roubou a leveza dos nossos dias, jogou longe nossos sonhos, enterrou
as expectativas de reencontro. Agosto sempre me roubando a vida de outros 11
meses, agosto sempre me desconsertando a alma, a cabeça e o coração. Setembro
quando bate à porta me encontra aos prantos, descalça, maquiagem borrada,
felicidade engarrafada, cinzeiro cheio e peito sangrando. Ofereço a outra face,
pra ver se saio dessa fase. Bate que tá pouco, setembro, pisa com vontade e
anestesia essa saudade, saudade de dezembro, janeiro, carnaval e quietude.
Saudade dos 22 completos em maio e de todo o amor que você transbordou em mim
na ocasião. Já sinto o 10º mês chegando, me cobrando a 2ª parcela da separação,
que nem sei que dia vence. O meu pobre sentimentalismo só pergunta quando vence
esse carnê das casas da vida, que espero pagar em dia. Mas calma, outubro, não me
faça cobranças ainda, tenho planos pra você. Novos planos pra enterrar no barro
vermelho de Brasília em agosto do ano que vem.
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Pra facilitar o troco e a descida
Anestesia. Meu sentir foi privado e tô atendendo só aos extintos.
Voltei a ser predadora, primata, rocha, antropofágica. Degluto as impressões
externas do mundo e as devolvo em forma de soco. Minhas palavras cortam e
ferem. É tudo somente sexo e amizade, como ouvi Bethânia cantar no repeat esses
dias. Oito ou oitenta. O veneno corre nas veias e escorre pela boca depois de
beijos desenfreados em outros sem importância. E já nem lembro o que restou, se
restou. E já nem sei o que é me derreter, deleitar com carinho num obro nu em
meio a lençóis bagunçados, perdoar também já nem sei. Não preciso de perdão por
algo que não sinto, nem pedir nem conceder. Não preciso de doses de cuidado ao
tocar em certos assuntos, preciso de porres pra saber o que falar e o que
calar. Se bem que só calo na sobriedade, quando é necessário mentir pra quem
caga regra na minha vida sobre os relatos das noites passadas. Estar só é uma
tortura indolor, por isso minhas costas já não doem mais por conta do peso que
é amar insanamente. Eu não sei o que fazer, mas faço; não sei o que pensar, mas
reflito; não sei como me comportar e danço. Subo na mesa, tomo mais um gole,
mais um trago no marlboro que você me ensinou a fumar, encontro alguém, beijo,
mais um gole, mais uma dança, caio, ébria, louca, no descompasso, já não sei dançar,
dou teu troco pelo coração apertado, pequeno, amedrontado que me foi largado
aqui dentro. Pega o troco, toma uma cerveja com aquela pessoa das suas novas
histórias, porque sede pra mim deixou de ser necessidade fisiológica e passou a
ser estado psicológico. Você não tem condição de saciá-la, meus novos hábitos
não são do nível dos teus trocados.
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
Tudo pro alto me convém (2009)
Quero ficar intolerante a qualquer tipo de sentimento que me faça ficar ridícula, eu quero anestesia pra todos esses truques ilusionistas que você sabe fazer como ninguém, mas ao mesmo tempo eu sinto vontade de saber se isso é, de fato, ilusionismo. Por que todos esses artifícios que você usa pra me ludibriar podem ser apenas conseqüências de algo verdadeiro, não? NÃO. Estúpida mesmo.
Por isso eu to jogando tudo pro alto, esperando que dessa vez você não estrague os meus planos de solidão e onipotência com a sua capacidade de unir todas as coisas em mim em uma festa regada a entorpecentes que me trazem as melhores sensações. Eu quero espalhar por todos os ares o bem e o mal que fizemos um ao outro, eu quero que os ventos levem a nossa história pra longe de toda essa minha vontade de querer colocar no nosso conto um marcante ponto final.
P.S: Esse texto é de 2009 e achei perdido aqui nas minhas lembranças. É incrível como mudamos mas continuamos iguais.
quarta-feira, 30 de julho de 2014
O amor tem quatro cantos
Morada de minh'alma, faça de mim o teu lar, que meu canto favorito é ao lado teu
Nosso grito uníssono ecoa em nosso quarto
Encanto.
Nosso lar.
O amor que em mim habita vez ou outra se esconde nas paredes do cotidiano
Mas não pense que esqueci onde, em dias tristes, posso repousar
Teu ombro, nossa cama
Nossa casa, teu coração.
quinta-feira, 24 de julho de 2014
Notas mentais
O único poema que descreve o fim é o silêncio.
Acabou.
A ca bou.
Fim.
Lembre que mover-se sempre no mesmo lugar também é inércia.
Tem hora que o que é sentido não faz sentido
Mas se há sentimento há razão de ser.
De tanto amor morreu sozinha
De tanto amor morreu com o mundo dentro de si
De tanto amor morreu.
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Trilhas sonoras, labirintos vivos
As pessoas simplesmente esperam algo, justamente como eu. E esse texto, ao que parece, é sobre espera, mas na verdade era pra ser sobre como tudo tem me irritado, sobre como eu tô cagando pra vidinha filha da puta de vocês, sobre como eu quero que vocês se fodam. Sério. Daí esperei demais pra abrir a merda do computador e as palavras que eu ensaiei mentalmente sumiram. Todo ensaio é nada quando o espetáculo não estréia. Todo sussurro ao pé do ouvido é nada quando não faz a nuca arrepiar. Tudo é nada quando se tem tudo e não se faz nada. E nada é nada o todo o tempo. Não sei se tenho tudo ou se tenho nada, de qualquer forma é perca de tempo. Me perco.
Cada esquina dessa caminhada sem rumo parece dar em labirintos diversos. Tento escolher o que me parece mais fácil de sair. Não existe mais fácil. Fácil mesmo é virar umas doses e esquecer toda essa mediocridade, cantar mais alto que a música, acender um cigarro e acordar de manhã com poucas lembranças e muita ressaca. Acho que tô de ressaca dessa merda toda. Tudo tem cheiro dos labirintos que em que me meto, onde as trilhas são sinuosas e insinuantes. Elas vêm charmosas, cheias de suingue, más intenções. E eu caio, mergulho, brindo com elas, deleito-me por entre elas, piso em todas, beijo, abraço, me agarro. Quando dou por mim, estão me sugando, me conduzindo numa dança que não pedi, dois pra lá, deus pra cá. Me perco de novo. Aliás, não é que eu sempre me perca, é que nunca me encontro. Acredito nesse lance da vida ser uma eterna busca - pura sagatiba, como diria Seu Jorge - só que nesses momentos de desespero, filosofias baratas e histeria, nos apegamos a todo esse blá blá blá de encontro e espera. Precisamos disso pra continuar, pra colocar a culpa em algo. Só que a vida não marca compromisso com ninguém, apenas exige que nunca estejamos ocupados pra ela.
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Transito embriagada cuspindo versos
Os velhos olhos vermelhos voltaram de ressaca. Capitu sem tranças e várias transas. De segunda à sexta, a vida - ávida - era uma ciranda sem fim, sem nexo. Expectativa. Espectador? Protagonista! Vida louca, vida breve, não me leve! Bem leve, mas releve.
Se existe sentido em existir, ele é o desejo de querer ser algo a mais sem pagar demais. Sem morrer devendo à vida o viver tão desejado por ter sucumbido ás tentações das ostentações. Ser simplesmente essência.
Todos os carros, aviões e bicicletas que por mim passam, levam e trazem lembranças. É tudo simplesmente amor. Só o amor constrói, fortalece e enaltece o passado imperfeito, o futuro do presente e o presente (pretendente) do indicativo.
Se existe sentido em existir, ele é o desejo de querer ser algo a mais sem pagar demais. Sem morrer devendo à vida o viver tão desejado por ter sucumbido ás tentações das ostentações. Ser simplesmente essência.
Todos os carros, aviões e bicicletas que por mim passam, levam e trazem lembranças. É tudo simplesmente amor. Só o amor constrói, fortalece e enaltece o passado imperfeito, o futuro do presente e o presente (pretendente) do indicativo.
domingo, 16 de março de 2014
Keep Calm and?
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