Como o lobo e a chapeuzinho, vivemos dois extremos. É como se as sinapses não interpretassem as batidas do peito. Eu muito jovem, tenho a impressão de que as artérias estivessem todas entupidas. Não sinto. O sangue passa, transpassa, transborda e nada. Batidas que funcionam só em fevereiro. Carnaval parece dinheiro, no compasso do meu samba enredo, morre antes de ter um fim. Nota zero em harmonia. Minha porta-bandeira já não dança enquanto o crioulo faz festa com a música uníssona do silêncio. Chora bailarina. Teu samba já não basta, teu suingue já não dá conta da malemolência do mundo. Descansa, passista. O pandeiro toca? Quem dedilha o cavaquinho? Há muito não ouço tua música, há muito ninguém ouve. De peito entreaberto ouço os sons da rua, a festa dos trios, não visto os abadás. Carnaval em fevereiro e eu em pleno outubro. Outubro, primavera, chuva antes da hora em Brasília. Seca no meu coração. Antídotos, antíteses e paradoxos. Ainda é outubro. Por onde andam os outros nove meses. Nove meses é uma vida. O que gerei? Meu filho é a solidão no meio de um milhão de pessoas, meu filho anda sujo e dependente de cinco minutos de paz proporcionados pela embriaguez. Meu filho anda por aí de mãos unidas pedindo um pouco de misericórdia. Mas no carnaval as pessoas só querem se divertir. Na tevê ou na pipoca todos querem bater palmas no ritmo. Que ritmo? Já não danço nem canto. Garçom, traz aquela música? Ou a que me aquiete ou a que me desperte. Apenas música. Dê-me um cigarro, diz a gramática. Me dá um cigarro, eu digo a você. Quanto aos outros, não sei o que dizem. Meu mundo se resume à primeira pessoa do singular. Pedem-me gramática, ofereço poesia. Criação é balela em vista da cópia. Deixemos de ser cópia! Peço: SINTAM. Não como eu, mas como as voltas do mundo em torno do sol e ao redor dele. Se translação e rotação regem o universo, transladem e rotacionem, não estacionem. Entre, mas não sente. Lave a louça, faça o jantar. Não demorem pra lavar as roupas, elas mofam. A sujeira toma conta de tudo, inclusive da alma. Lave as roupas, lave a alma. Fevereiro é o mês de vestir o que outubro lavou. Não demore três meses pra vestir roupas limpas como eu. O ano começa em janeiro. Em fevereiro desfrutemos! Não deixe a angústia pra outubro, não canonize fevereiro. Não siga meu exemplo, curta o carnaval sem ansiar por ele, deixe que ele venha como a consequência de existir: viver. Não feche as janelas do terceiro andar, porque mesmo mudando do sexto, respirar por aparelhos nunca é saudável. Mude de edifício, de quadra e de setor. Mude a vida enquanto ainda ousamos viver.
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Antes de carnavalizar, eu quero ver o que vai dar
Como o lobo e a chapeuzinho, vivemos dois extremos. É como se as sinapses não interpretassem as batidas do peito. Eu muito jovem, tenho a impressão de que as artérias estivessem todas entupidas. Não sinto. O sangue passa, transpassa, transborda e nada. Batidas que funcionam só em fevereiro. Carnaval parece dinheiro, no compasso do meu samba enredo, morre antes de ter um fim. Nota zero em harmonia. Minha porta-bandeira já não dança enquanto o crioulo faz festa com a música uníssona do silêncio. Chora bailarina. Teu samba já não basta, teu suingue já não dá conta da malemolência do mundo. Descansa, passista. O pandeiro toca? Quem dedilha o cavaquinho? Há muito não ouço tua música, há muito ninguém ouve. De peito entreaberto ouço os sons da rua, a festa dos trios, não visto os abadás. Carnaval em fevereiro e eu em pleno outubro. Outubro, primavera, chuva antes da hora em Brasília. Seca no meu coração. Antídotos, antíteses e paradoxos. Ainda é outubro. Por onde andam os outros nove meses. Nove meses é uma vida. O que gerei? Meu filho é a solidão no meio de um milhão de pessoas, meu filho anda sujo e dependente de cinco minutos de paz proporcionados pela embriaguez. Meu filho anda por aí de mãos unidas pedindo um pouco de misericórdia. Mas no carnaval as pessoas só querem se divertir. Na tevê ou na pipoca todos querem bater palmas no ritmo. Que ritmo? Já não danço nem canto. Garçom, traz aquela música? Ou a que me aquiete ou a que me desperte. Apenas música. Dê-me um cigarro, diz a gramática. Me dá um cigarro, eu digo a você. Quanto aos outros, não sei o que dizem. Meu mundo se resume à primeira pessoa do singular. Pedem-me gramática, ofereço poesia. Criação é balela em vista da cópia. Deixemos de ser cópia! Peço: SINTAM. Não como eu, mas como as voltas do mundo em torno do sol e ao redor dele. Se translação e rotação regem o universo, transladem e rotacionem, não estacionem. Entre, mas não sente. Lave a louça, faça o jantar. Não demorem pra lavar as roupas, elas mofam. A sujeira toma conta de tudo, inclusive da alma. Lave as roupas, lave a alma. Fevereiro é o mês de vestir o que outubro lavou. Não demore três meses pra vestir roupas limpas como eu. O ano começa em janeiro. Em fevereiro desfrutemos! Não deixe a angústia pra outubro, não canonize fevereiro. Não siga meu exemplo, curta o carnaval sem ansiar por ele, deixe que ele venha como a consequência de existir: viver. Não feche as janelas do terceiro andar, porque mesmo mudando do sexto, respirar por aparelhos nunca é saudável. Mude de edifício, de quadra e de setor. Mude a vida enquanto ainda ousamos viver.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Enquanto falam de Vygotsky...
Por enquanto vou vendo os dias passarem sem reparar quando o sol se põe, trancada na torre mais alta pra me encaixar na rotina do mundo, engasgada com meus próprios verbos numa gagueira interminável de vida. Cuspo ou engulo? A grande pergunta da hora H.
Não posso perder tempo nem deixar com que ele me perca. Não posso deixar que o fruto apodreça ainda verde na minha mão, como fez Eduardo. Mas também não posso colher o fruto já maduro demais. Os melhores poetas morreram antes dos vinte chorando as dores prematuras da carne e da alma. E o meus vinte anos de boy: that's over, baby. O que fazer depois daqui sem dar voltas ao redor do passado ou guardar caixão pro futuro?
Só batam à minha porta com respostas pra tudo ou com a pergunta crucial na ponta da língua - ferina-. Não desperdice meu tempo com ladainha enfadonha! Passemos as horas discutindo a existência e existindo um no outro. Me explore, sinta o corpo que carrega essa pobre alma, entre. Tome minhas mãos geladas e me leve pra dançar, faça meu relógio parar de bater, me jogue na cama pra passearmos por toda ela. Faça o tempo esvair-se pelas minhas pernas. Saboreie minhas verdades e decida: cospe ou engole?
terça-feira, 16 de abril de 2013
Por isso corro demais
A vida tá correndo tanto quanto as pessoas. Não vejo mais ninguém nem aqui nem ali. Corri de todos, passei por tantas esquinas e me acomodei no sossego da indiferença. E pra quem acha que não, há sim indolência após o porre. Os porres. Que seja! Ninguém é insubstituível e eu tô correndo tanto que não tenho tempo pra repôr as costas que se viraram e deram o fora. A vantagem é que eu nunca mais chorei pra precisar delas aqui. Meu caminho não está vazio mas também não tá lotado me fazendo tropeçar a cada passo. Tô suave, displicentemente ocupada de novas pessoas e passando leve por cada esquina a caminho da faculdade. Sem medo, amarras e justificativas; trabalhando a minha essência, desfrutando da minha bondade e da bondade do mundo, refletindo o meu amor no teu rosto a cada manhã agitada: é assim que corro todos os dias pro trabalho e conto as horas pra sair do metrô vazio e cair nos teus braços nem que seja durante os cinco minutos que me mantenho acordada antes que tudo comece de novo. A cada chegada no nosso cantinho percebo quão valiosas foram as inúmeras partidas.
quarta-feira, 20 de março de 2013
Mamãe já dizia que ela era uma santa
segunda-feira, 11 de março de 2013
Fui e indo estou pr'onde serei
Aos dez eu planejava passar no vestibular com dezesseis, virar jornalista e sair de casa. Aos dezesseis eu não passei no vestibular, fui pra um cursinho onde fingia que estudava e nunca ia numa aula sábado pra ir prum canto qualquer com as amigas. Não planejava nada. Daí pros dezenove arrumei meu primeiro emprego, bebi e chorei muito achando que amava, bebi muito e encontrei o amor em quem eu menos esperava, passei no curso que eu eu tava afim - letras - na federal. Me bastava. Aos poucos o mundo que me abraçava fez-se pequeno e banal. Aos vinte já não tenho paciência pra fofoca, vida alheia, opiniões que não me acrescentam, pessoas que não me completam. Não tenho tempo nem vontade de saber quem você pegou naquela festa e o que você tinha tomado pra agir de tal modo. E mesmo quando as notícias correm por aí entre as bocas de quem eu ainda não descartei da minha vida, não julgo. Fiquei sem saco pra julgamento. Fiquei sem saco pra picuinha. As minhas paranoias, ressentimentos, inseguranças e poucas conquistas tomam conta de todo ar que eu respiro. Se a você só interessa aqueles papinhos batidos de pessoas muito populares que estão em todos os lugares, por todas as redes sociais: por favor, não me procure. Não teremos assunto, não mais. Alguns me julgarão hipócrita pelas linhas acima, dizendo que eu já fui uma dessas pessoas oniscientes-onipresentes apontando o dedo tirano na cara de quem não vivia como eu. E estarão completamente certos: JÁ FUI. Como qualquer ser humano, fui criança, adolescente e tô caminhando pra ser mulher mesmo que meus passos sejam tortos e por diversas vezes se desviem num erro grotesco. E vou continuar desviando a rota. SEMPRE. Fui predestinada a correr atrás da felicidade acima de tudo, mas não acima de todos, por mais que eu esteja por cima de você que deixa tudo mais leve e me tira o peso de ser metódica e radical demais.
Como toda mudança, essa me trouxe dores. Principalmente a dor de perceber que essa gente se mascara não somente para blindar o coração, mas pra atingir o outro na tentativa de se sobressair e que outros simplesmente desaparecem apesar de há muito terem prometido um colo. Cansei de fazer de conta que não me dói oferecer um abraço e ter apenas o álcool e a reclusão pra me acalantar. Cansei de fingir que sou inatingível e desenhei com as lágrimas meu atestado de fragilidade. Não sou frouxa nem rocha, sou gente. Eu grito, choro, preciso de uma mão, de carícias e do meu amor. Preciso de cerveja, bater um papo no bar, rir e fazer rir. Preciso de leveza, firmeza e compreensão. Preciso me doar pra não sufocar e o que me salva de não enlouquecer agora, aos vinte, são teus beijos e a escrita. Porque no resto, meus caros, não há cumplicidade, reciprocidade e muito menos segurança. Abri as portas do meu mundo, cruzei a linha tênue que dividia minha mesquinhez de espírito, o medo e os escudos da minha sede de devorar cada pedaço de vida empunhando minha espada que corta as amarras que impedem que eu seja de verdade. O passado não mente sobre mim, mas o presente é que revela quem sou. EU FUI. Fui muita coisa aos dez, aos dezesseis e aos dezenove. Sou aos vinte e daqui pra frente tudo mira no que eu quero ser. Responsável por mim, pelos meus atos e pelas suas alegrias. Dona do seu abraço, dos meus passos e da minha vida.
segunda-feira, 4 de março de 2013
Dia quatro outra vez
De cara não fui com a sua cara e eu tava mesmo era afim de outro cara. Chorando na janela do apartamento nem reparava em você e nas suas palhaçadas de embriaguez. Foi brincando que você se tornou algo sério. O meu medo de amar e chamar alguém de amor aumentou quando naquele quatro de março você me propôs baixinho que eu caminhasse com você pelo tempo que durasse. Meu coração foi a mil, um milhão. Foi de longe, a melhor decisão que tomei bêbada ao dizer sim e ir com você pra casa, mesmo que nossa manhã não tenha sido digna de Shakespeare. Pra mim, aquela manhã do dia cinco foi estranhamente mágica: eu ainda tonta de paixão cerveja e receio, sendo levada pra casa por você naquele frio, nos beijando na esquina na hora da despedida e aquele ar de mudança pairando entre os lábios. Minha vida nunca mais foi a mesma. Ela se fez doce, atrapalhada, desesperada. Se fez saudade e vontade de estar sempre junto de você. Se fez despedidas e decepções. Amor e alma. Cumplicidade e gritaria. Meu caminho não é mais só meu, o meu riso é todo seu e minha dor você abraça. Eu te amo. Naquele quatro de março que antecedeu a manhã fria e o primeiro beijo de despedida me fez mulher e amante, me fez errônea e sufocante, me fez criança e birrenta, mimada e amada. Aquele dia trouxe você de mala e cuia na minha porta com o coração entre as mãos pra eu cuidar. Te cuidar. Quebramos nossas promessas diversas vezes, nos ferimos tantas outras, esbarramos no nosso egoísmo e imaturidade constantemente e mesmo assim ainda é quatro de março. E ainda assim eu quero você comigo na cama acordando preguiçosa e antes de dormir falando lorota pra me irritar ou dizendo coisas bonitas pra me ninar. Espero ansiosa e de peito aberto pelos nossos próximos aniversários e pelas nossas novas conquistas embaladas pelo som da Luiza, garrafas de vinho, abraços apertados e lábios selados de desejo.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Sem meias-voltas, vamos já
Se me perco no meio do caminho, não volto atrás. Continuo até me reconhecer na estrada, e quando meu rosto não me parecer estranho saberei que estou indo bem.
Se eu me perco em teus braços nas horas inusitadas é pra mostrar com meu afeto que pertenço ao teu colo e à tua alma.
Se me perco entre as letras é porque já não caibo em mim, já não consigo abrigar os quereres da vida. E eu quero sempre. E eu sempre transbordo.
Se eu me perco em teus braços nas horas inusitadas é pra mostrar com meu afeto que pertenço ao teu colo e à tua alma.
Se me perco entre as letras é porque já não caibo em mim, já não consigo abrigar os quereres da vida. E eu quero sempre. E eu sempre transbordo.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Mais um tempo, mais uma lição.
Eu não ouço ninguém. Não quero ouvir mais ninguém.
Eu não vou me conter. Eu não me contenho mais.
Desatei os nós do meu corpo. Afrouxei o cordão da liberdade.
Libertei meu pescoço das inúmeras mãos e línguas que queriam me sufocar.
Gritei com quem há muito não me ouvia.
Entendi
As conveniências do ser humano.
As falsas palavras.
Os abraços irônicos.
As risadas de desprezo e ingratidão.
Preciso me reinventar. E limpar os pulmões entupidos do ar cretino das falsas considerações.
Só quero
tua mão a me acalentar e teu colo pra depositar a única verdade que preenche meus cantos;
O meu amor, nosso querer. Minha força.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Esfinge
O problema não é não ler as entrelinhas, é não ler o que
está escancarado depois de tantos papos e choros de embriaguez. Você lê o
supérfluo mesmo quando o bilhete tá coloquialmente escrito e pregado na
geladeira, do jeito que você gosta de ler quando busca água pela manhã. Um dos meus defeitos, mania, sei lá, é
enaltecer os detalhes e acredito que melhorei muito quanto a isso. Acontece que
as suas falhas já não estão intrínsecas nos fatos cotidianos, elas gritam aos
meus olhos. Alto. Meu juízo já não responde por mim e a minha língua ferina é
contida pelos desaforos que eu digo mentalmente e que você não aguentaria
ouvir. Uma coisa em mim diz “vai fundo, joga a merda pra fora, limpa o ciclo,
lava a alma”, mas eu não consigo, sei que nada mudaria. Nem a embriaguez foi
capaz de me fazer cem por cento sincera com qualquer um em qualquer assunto. Eu
sei o poder que as palavras tem sobre as risadas de alguém porque já vi as
minhas se desmancharem em algumas frases ditas da alma pra fora. Aprendi que quando
não é cuspida na nossa cara, a verdade deve ser mantida em total sigilo pra não
amputar membros consideráveis da nossa existência. Não sei se atribuo à sorte ou ao azar o momento
em que somos cuspidos, em que simplesmente nos tornamos espectadores do nosso
próprio mundo e reconhecemos os falsos pilares que acreditamos sustentar o que
somos. Não sei se é pior enxergar além do meu campo de visão ou ter continuado
submissa aos seus julgamentos. Talvez a submissão me rendesse só amor e eu
tivesse me tornado uma daquelas mocinhas de filme que se alimenta unicamente do
sentimento que o outro nutre por ela. Talvez eu estivesse mais feliz. Mas se eu
não tivesse me deixado levar no passado, talvez você já soubesse ler as
entrelinhas e os bilhetes na geladeira. Talvez. Talvez não haja erros, apenas
um amor que não morreu, mas que também não aprendeu, que estagnou nas mentiras
e sufocamentos de outrora e não consegue mais emergir do misto de culpa,
verdades e intolerâncias. A gente tá tentando salvar um barco que já naufragou.
Não temos mais botes salva-vidas nem âncora. Somos aquela cena de “Titanic” em
que a mocinha chama por seu príncipe e ele já está inerte, imerso no gelo e no
silêncio. Nós somos o príncipe quase constantemente e o nosso amor é aquele
navio despreparado e cansado de tantos acidentes, de tantos obstáculos. De
tanto chamar sua atenção pro que realmente me importava – e de você não
entender nada quase sempre- me vejo sozinha tentando mudar de nome num navio
estrangeiro tentando chegar a algum lugar. E agora que eu quero chegar no final
desse texto, sinto a necessidade de dizer que eu não quero estar num navio diferente e também não quero
gritar em vão nem não conseguir te ouvir. Eu quero paz. Aquela paz que aparece
no início do filme com pessoas bem vestidas, falsidade escondida por entre as
paredes, jantares esplêndidos e nenhuma preocupação. Eu quero ter aquela mesma
euforia do Jack quando ganha o bilhete premiado sem saber o que esperar, mas ao
mesmo tempo aliviado por ter encontrado algo pra acreditar e seguir. Eu já não
sigo por não acreditar. Talvez as pessoas que correm alguma maratona e chegam
em segundo lugar por fração de segundo
tenham a mesma sensação. O problema é que eu não quero nada de
segunda. Eu quero sábados e domingos
rodeados de amigos, hipocrisia, bebida e seus beijos. Eu quero deitar no teu colo sem pensar que
dali a pouco eu posso não estar ali. Queria muito pensar que isso é mais uma
daquelas crises loucas que vira e mexe atormentam minhas ideias, mas sinto que
é diferente. Sinto que não há nada mais pra se segurar, nem uma borda, nem uma
boia. É melhor pular fora antes que eu me afogue e você não saiba mais como
nadar.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Gaza
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Tô, vou, quero
A ansiedade de chegar em algum lugar mata pouco a pouco todos os passos previamente mentalizados. Meu destino, minha sina ou o deus que me rege brinca de antropofagia e faz tudo virar um caos. Se viver é se surpreender sempre, tô vivendo bem. Sempre às escuras, olho as luzes pela cidade e peço em silêncio pra que um feixe de esperança caia das estruturas de concreto sobre meu caminho meio torto, vago, meio quase nada. E ando querendo mudar querendo permanecer.
Uma bússola, uma vela ou um lampião. Um mapa. Mesmo que eu já tenha riscado sobre ele o xis. Por favor. Não queira ser tão mau comigo assim, não sou dos males o pior. É bem verdade que não sou um doce, mas tenho algo fincado na alma que faz o sangue correr quente e impulsionar o amor pra fora de uma maneira quase hostil. Tenho uma marca no peito, cicatriz do que eu guardo a sete chaves. Se você enxergasse, veria que minhas linhas começam suaves e à medida que as palavras correm, cortam o papel porque é nele que eu deposito toda a minha força. Talvez a minha maior cicatriz seja essa e todas as outras folhas que já rabisquei.
Minhas palavras são como as pessoas que passam por mim: no início cada uma tem sentido e é indispensável, depois se encerram ou engasgam em algum ponto sendo eliminadas, reorganizadas ou modificadas. Não sei se por conta da minha constante inconstância ou por falta de tempero e paixão por parte delas. Cada uma vale o que transmite e pra mim é tudo uma questão de harmonia e bom senso, quase nunca de estilística. Não faz meu tipo. Até mesmo os palavrões se instalam e são bem-vindos, às vezes eles caem bem. Bem até demais.
Tem vezes que a vontade de gritar é enorme, mas a boca é incapaz de proferir qualquer coisa a não ser seu nome. E tem horas que o choro é a melhor resposta, horas em que molhar o papel é melhor do que enchê-lo de sensatos devaneios. É quando a lágrima se faz determinante, que todo grito, toda palavra, padece sob a verdade incontestável do silêncio.
Assinar:
Postagens (Atom)