quarta-feira, 5 de junho de 2013

Enquanto falam de Vygotsky...


Escrevo cartas que não serão enviadas nem ao menos relidas. Sentimentos postos apenas na lembrança, trancados onde o coração não possa alcançar. Sensações vindas do âmago, bem dobradas e seladas para nunca serem redescobertas. Por quanto tempo ainda me esconderei atrás de mim mesma? Quando me permitirei  demonstrar a intensidade e as angústias daqui de dentro? Será que vivo de fato? Ou simplesmente me agarro ao mínimo do meu potencial humano?
Por enquanto vou vendo os dias passarem sem reparar quando o sol se põe, trancada na torre mais alta pra me encaixar na rotina do mundo, engasgada com meus próprios verbos numa gagueira interminável de vida. Cuspo ou engulo? A grande pergunta da hora H.
Não posso perder tempo nem deixar com que ele me perca. Não posso deixar que o fruto apodreça ainda verde na minha mão, como fez Eduardo. Mas também não posso colher o fruto já maduro demais.  Os melhores poetas morreram antes dos vinte chorando as dores prematuras da carne e da alma. E o meus vinte anos de boy: that's over, baby. O que fazer depois daqui sem dar voltas ao redor do passado ou guardar caixão pro futuro?
Só batam à minha porta com respostas pra tudo ou com a pergunta crucial na ponta da língua - ferina-. Não desperdice meu tempo com ladainha enfadonha! Passemos as horas discutindo a existência e existindo um no outro. Me explore, sinta o corpo que carrega essa pobre alma, entre. Tome minhas mãos geladas e me leve pra dançar, faça meu relógio parar de bater, me jogue na cama pra passearmos por toda ela. Faça o tempo esvair-se pelas minhas pernas. Saboreie minhas verdades e decida: cospe ou engole?

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