segunda-feira, 11 de março de 2013

Fui e indo estou pr'onde serei


  Aos dez eu planejava passar no vestibular com dezesseis, virar jornalista e sair de casa. Aos dezesseis eu não passei no vestibular, fui pra um cursinho onde fingia que estudava e nunca ia numa aula sábado pra ir prum canto qualquer com as amigas. Não planejava nada. Daí pros dezenove arrumei meu primeiro emprego, bebi  e chorei muito achando que amava, bebi muito e encontrei o amor em quem eu menos esperava, passei no curso que eu eu tava afim - letras - na federal. Me bastava. Aos poucos o mundo que me abraçava fez-se pequeno e banal. Aos vinte já não tenho paciência pra fofoca, vida alheia, opiniões que não me acrescentam, pessoas que não me completam. Não tenho tempo nem vontade de saber quem você pegou naquela festa e o que você tinha tomado pra agir de tal modo. E mesmo quando as notícias correm por aí entre as bocas de quem eu ainda não descartei da minha vida, não julgo. Fiquei sem saco pra julgamento. Fiquei sem saco pra picuinha. As minhas paranoias, ressentimentos, inseguranças e poucas conquistas tomam conta de todo ar que eu respiro. Se a você só interessa aqueles papinhos batidos de pessoas muito populares que estão em todos os lugares, por todas as redes sociais: por favor, não me procure. Não teremos assunto, não mais. Alguns me julgarão hipócrita pelas linhas acima, dizendo que eu já fui uma dessas pessoas oniscientes-onipresentes apontando o dedo tirano na cara de quem não vivia como eu. E estarão completamente certos: JÁ FUI. Como qualquer ser humano, fui criança, adolescente e tô caminhando pra ser mulher mesmo que meus passos sejam tortos e por diversas vezes se desviem num erro grotesco. E vou continuar desviando a rota. SEMPRE. Fui predestinada  a correr atrás da felicidade acima de tudo, mas não acima de todos, por mais que eu esteja por cima de você que deixa tudo mais leve e me tira o peso de ser metódica e radical demais.
  Como toda mudança, essa me trouxe dores. Principalmente a dor de perceber que essa gente se mascara não somente para blindar o coração, mas pra atingir o outro na tentativa de se sobressair e que outros simplesmente desaparecem apesar de há muito terem prometido um colo. Cansei de fazer de conta que não me dói oferecer um abraço e ter apenas o álcool e a reclusão pra me acalantar. Cansei de fingir que sou inatingível e desenhei com as lágrimas meu atestado de fragilidade. Não sou frouxa nem rocha, sou gente. Eu grito, choro, preciso de uma mão, de carícias e do meu amor. Preciso de cerveja, bater um papo no bar, rir e fazer rir. Preciso de leveza, firmeza e compreensão. Preciso me doar pra não sufocar e o que me salva de não enlouquecer agora, aos vinte, são teus beijos e a escrita. Porque no resto, meus caros, não há cumplicidade, reciprocidade e muito menos segurança. Abri as portas do meu mundo, cruzei a linha tênue que dividia minha mesquinhez de espírito, o medo e os escudos da minha sede de devorar cada pedaço de vida empunhando minha espada que corta as amarras que impedem que eu seja de verdade. O passado não mente sobre mim, mas o presente é que revela quem sou. EU FUI. Fui muita coisa aos dez, aos dezesseis e aos dezenove. Sou aos vinte e daqui pra frente tudo mira no que eu quero ser. Responsável por mim, pelos meus atos e pelas suas alegrias. Dona do seu abraço, dos meus passos e da minha vida.

3 comentários:

  1. É assim mesmo, um dia a gente cresce, a gente muda, a gente cansa... a gente só quer se encontrar. Adorei o texto, Malú!

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  2. Todo mundo chega na idade em que não se precisa mais se colocar nas situações que já sabemos que nos fazem desconfortáveis, e as vezes até doem.

    É quando estamos prontos para assumir quem nós somos por completo.

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  3. Amei seu blog *-*
    Se puder dá uma passada no meu, eu estou retomando ele que estava meio parado. lamentosdeumalunatica.blogspot.com


    beijos, seguindo :3

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