segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Nó do desejo


Eu sonhava em ter essa rotina de faculdade, mil trabalhos, ter que trabalhar, sair com os amigos e fim. Não quero mais. Quer dizer, eu quero, mas não quero só isso. Eu quero conhecer tudo e todos, e esse é meu grande defeito. Não me conformo em ter apenas porcentagens de algo, quero tudo de uma vez e quero intenso, e quero já. Ao mesmo tempo a parte do juízo grita por planos, foco, estabilidade, conversinha de mulher moderna blablabla. Eu não tenho um sonho, tenho vários, cuja maioria não fazem parte do mesmo contexto. Quero minha vida articulada em zil parágrafos, catalogada em histórias de vários tipos. Odeio a idéia de me fazer limitada, e as linhas me ajudam com isso. Esses dias, tendo um dos meus dias limitados em um barzinho, vi um grupo de músicos paraguaios e argentinos que estavam fazendo um mochilão pela América Latina, e aquilo fez a minha ficha cair. Queria ser um deles, sair por aí levando nas costas a mochila, no coração aquele aperto gostoso e nas veias muito sangue fervendo. Tô ligada a 220v sem agir, sem saber por onde começar, porque eu sempre quero começar algo, mas nunca sei como fazê-lo. Coragem, cadê você? Preciso mais do que amor e angústia pra fazer o peito reagir aos estímulos do mundo. Quero vento no rosto enquanto pego a estrada pra qualquer lugar que nunca fui, quero fazer tatuagem com um hippie no meio do caminho e depois me embebedar com estranhos como se eles fossem meus amigos de infância, sei lá, qualquer coisa pra esse nó na garganta desfazer, qualquer coisa que me dissesse que sou dona de mim, que devo, que posso, que vou. Acabei presa nos meus planos antigos sem levar em conta a mudança que tive. Viajar, estudar, amar, transar num lugar bem louco, conhecer pessoas fora dos meus lugares comuns, dormir na praia depois de um porre daqueles, acordar beijada pelo sol depois de ter me coberto de vida. VIDA, não os hábitos que tenho agora. VIDA, não o que as pessoas acham conveniente e seguro. VIDA, sem direção, rumo ao que eu sempre quis.

4 comentários:

  1. "Não me conformo em ter apenas porcentagens de algo" - opa, somos duas então!
    Olha, esse texto veio no momento certo, me senti menos perdida no mundo... gostei muito! =]

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  2. às vezes temos que aprender a conviver com as porcentagem que nos são dadas para só então poder transformá-las num todo...
    Abraços

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  3. é estranho como geralmente tudo o que a gente quis parece não ter a menor graça quando enfim conseguimos, acho que temos que seguir nossas vontades(tá, eu não faço isso me falta coragem)se tudo der errado...pelo menos ainda temos a bagagem
    http://saiadeflorbm.blogspot.com/

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  4. Belo texto, como sempre! Com todo respeito (consoante a temática acima: e que se foda o respeito!), mas a gente precisa conversar...

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