terça-feira, 24 de maio de 2011

Mais que a mim

A página em branco durante horas, meses. Não que não tivesse o que ser escrito, é que perdi a mão de como usar as palavras, ora por não serem suficientes para descrever o êxtase dos meus momentos, ora por não saber mesmo onde encaixá-las. E acho que tudo isso é resultado de uma mudança monstruosa que só reparei agora: HOJE não tenho medo de falar, não me escondo por entre as linhas, rimas e concordâncias verbais. Foi e ainda é difícil, mas aprendi outras artimanhas em que posso de vez em quando me camuflar, até porque a verdade do sentir, assim desnuda, nunca é saudável. É preciso ter mais feelings que sensatez e isso, por mais que pareça estranho, é novo pra mim. Imagina você, alguém cheio de medos pra sentir, se libertar, descobrir-se amando insanamente? É um caminho longo, árduo e por vezes perverso. Mas eu consegui! Consegui me desfazer das correntes que as mágoas anteriores me faziam arrastar e pesavam minh'alma com insegurança. Agora as correntes que amedrontavam a vontade de ter alguém, hoje abraçam meu peito com o medo de não ter mais, consequência de amar. O que eu queria mesmo dizer é que me encaro no espelho com mais conforto e sensatez, que me assumo em todos os atos de nariz em pé, que bato de frente sem medo, embora já preparada pra qualquer represália. Aquela menina que em outras linhas se dizia confiante, racional, segura e pé no chão caiu por terra a partir do momento em que a outra garotinha perdida em metáforas, metonímias, paradoxos, antíteses, hiatos, ambiguidades e outros vícios e figuras entrou em cena dando lugar à mulher que encontrou palavras, em meio a confusão dos seus pensamentos, pra deixar registrado nestas linhas que cresceu.

3 comentários:

  1. Como é bom podermos ser livres para expressar tudo o que de melhor há em nós...
    um belo texto!!!
    Abraços

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  2. A liberdade me tenta; a liberdade me amedronta. Necessário, portanto, faz-se lembrar os versos de Cecília Meireles:

    "Quem sobe nos ares não fica no chão,
    quem fica no chão não sobe nos ares"

    Talvez a liberdade seja um problema atual e uma solução a qual não traz esperança. Sendo assim, problema infinito.

    - Malu, não sei se conhece este poema, creio que goste/irá gostar dele: http://sueliaduan.webnode.com.br/poesias/

    Bjao

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  3. Um dia a gente aprende na marra, e as palavras encontram seu lugar na folha em branco.

    Ótimo texto!

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